Princípios Constitucionais Tributários: A Legalidade no Lançamento de Tributos
O estudo dos princípios constitucionais tributários é essencial para todos que se preparam para concursos na área jurídica. Entre esses princípios, destaca-se a legalidade, especialmente no contexto do lançamento de tributos, base este que sustenta todo o sistema tributário nacional e é um dos pilares do Estado Democrático de Direito. Compreender este princípio é fundamental para evitar erros interpretativos e garantir a justiça fiscal.
1. O que é o Princípio da Legalidade?
O princípio da legalidade está consagrado no artigo 150, inciso I, da Constituição Federal de 1988: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.” Isso significa que nenhum tributo pode ser criado ou majorado por ato administrativo, portaria, decreto ou qualquer outro meio que não seja a legislação formal. A legalidade confere aos cidadãos segurança jurídica, ao permitir que conheçam previamente as obrigações fiscais e ao limitar o poder do Estado.
Em matéria tributária, a legalidade assume papel ainda mais rigoroso, sendo um dos principais instrumentos de limitação do poder de tributar. O legislador ordinário — e não o chefe do Executivo ou autoridade administrativa — é o titular dessa competência. Assim, todas as características essenciais do tributo (como fato gerador, base de cálculo, contribuintes e alíquotas) devem obrigatoriamente estar previstas em lei.
2. Legalidade e Lançamento Tributário
O lançamento tributário é definido pelo artigo 142 do Código Tributário Nacional (CTN) como o procedimento administrativo que verifica a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, determina a matéria tributável, calcula o montante do tributo devido, identifica o sujeito passivo e, se for o caso, propõe a aplicação de penalidade.
O princípio da legalidade se manifesta fortemente neste contexto: nenhuma obrigação tributária pode ser constituída sem que haja prévia definição legal de todos os seus elementos. Isso assegura que o agente fiscal, no momento do lançamento, apenas aplique a lei já existente, sem inovar ou criar imposições tributárias arbitrárias.
Por essa razão, qualquer tributo novo ou majoração de alíquota, base de cálculo ou alteração do sujeito passivo somente podem advir de lei em sentido estrito. Exemplo prático disso ocorre quando se pretende elevar a alíquota de um imposto estadual: tal decisão deve passar pelo devido processo legislativo, garantindo transparência e participação social.
3. Limites e Garantias para o Contribuinte
Ao exigir que todo tributo tenha respaldo legal, a Constituição protege os contribuintes contra eventuais abusos do Poder Público e resguarda o princípio da segurança jurídica. Essa limitação evita surpresas fiscais e obriga a Administração Tributária a agir conforme as regras preestabelecidas, impedindo arbitrariedades.
Além disso, a legalidade impede a cobrança retroativa de tributos, ou seja, a lei não pode criar obrigações tributárias relativas a fatos geradores já ocorridos. Esse aspecto é reforçado pelo princípio da anterioridade, que determina que o tributo somente pode ser exigido no exercício seguinte ao da publicação da lei instituidora ou majoradora, salvo exceções constitucionais.
4. Jurisprudência e Aprofundamento
O Supremo Tribunal Federal (STF) reiteradamente reconhece a força normativa do princípio da legalidade tributária. Decisões emblemáticas reforçam que qualquer criação ou aumento de tributo deve se dar via lei formal, sob pena de inconstitucionalidade do ato.
Ademais, há vedação expressa à delegação do poder de tributar a órgãos administrativos, mesmo sob pretexto de simplificação da cobrança. O STF, ao julgar temas tributários, também reconhece que, embora alguns aspectos do lançamento possam ser regulamentados por decreto ou portaria, esses instrumentos jamais podem inovar quanto à definição, criação ou majoração de tributos.
5. Conclusão
O princípio da legalidade no lançamento de tributos é basilar para o sistema tributário brasileiro e para a proteção dos direitos dos contribuintes. Ele estabelece garantia fundamental ao impor que toda exigência fiscal esteja exigentemente amparada por lei formal, limitando o poder estatal e assegurando transparência, previsibilidade e justiça fiscal. Para quem se prepara para concursos, dominar esse princípio é indispensável, pois ele é cobrado em praticamente todas as provas de Direito Tributário e representa o núcleo das defesas possíveis contra abusos do Estado.




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